Esta obra tem como objetivo demonstrar de que maneira a Revolução Russa impactou a sociedade brasileira em dois eixos principais. O primeiro é demonstrar as ressonâncias na classe trabalhadora brasileira, analisando como a Revolução foi recepcionada na mentalidade dos elementos mais conscientes da classe trabalhadora e, também, por meio das entidades de classe: partido, associações, clubes e sindicatos. Nesse contexto, a Revolução Russa convergiu com o momento de intensa luta de classes no Brasil, marcado por um movimento de greve geral contra a carestia de vida, em 1917. Desse modo, verificamos que a Revolução Outubrina influenciou uma parte do movimento operário anarquista e socialista a adotar a estratégia das greves revolucionárias, objetivando a derrubada do capitalismo. O segundo aspecto coaduna com o primeiro, uma vez que a intensificação das mobilizações operárias internas e as dezenas de tentativas de revoltas, motins e revoluções que estavam ocorrendo em várias partes do mundo serviram de alerta para parte das elites brasileiras, que começaram a defender uma legislação trabalhista, visando amparar a classe trabalhadora, mas também objetivando debelar as ideias de revolução social advindas da Rússia. A partir de então, surgiu um grande debate na Câmara dos Deputados sobre a adoção ou não de um projeto chamado Código do Trabalho. Aqueles que defendiam o projeto usaram a retórica do perigo revolucionário, um problema que as democracias liberais da Europa estavam enfrentando. Em suma, buscamos demonstrar ao longo deste livro que o aspecto externo que pressionou para aprovação de uma parte do Código do Trabalho foi a revolução que abalou o mundo, emanada na terra dos sovietes.
