PREVISÃO DE LANÇAMENTO: 17/11/2025. O discurso da automação tecnológica tem sido amplamente mobilizado por empresários, políticos, jornalistas e formadores de opinião para sustentar prognósticos ora catastróficos, ora idílicos. Em Automação e o futuro do trabalho, Aaron Benanav, professor da Universidade Cornell, contrapõe-se a essas previsões ao argumentar que não é a tecnologia, mas o longo declínio da economia capitalista, o responsável pelo desemprego e, sobretudo, pelos subempregos contemporâneos.
A partir da análise de dados de diversas economias nacionais, o livro acompanha os processos de desindustrialização e de deslocamento dos empregos para o setor de serviços desde o último quarto do século XX. Mostra como a sobreacumulação de capitais na indústria resultou na desaceleração da produção, da produtividade e do crescimento econômico, afetando profundamente o mundo do trabalho - ainda que de modo heterogêneo entre os países. Sob tais condições, as ilusões da financeirização, frequentemente apoiadas em promessas de novas tecnologias para resolver crises econômicas e sociais, não se confirmam na prática. No prefácio à edição brasileira, Benanav afirma: 'As lições da última década devem moderar tanto nossas esperanças quanto nossos temores. A verdadeira ameaça representada pela IA generativa não é que ela eliminará o trabalho em grande escala, tornando o trabalho humano obsoleto. É o fato de que, se não for controlada, ela continuará a transformar o trabalho de forma a aprofundar a precariedade, intensificar a vigilância e ampliar as desigualdades existentes.
O que fazer, então, diante do quadro desolador do capitalismo contemporâneo? Partindo do diagnóstico do longo declínio da economia capitalista, Automação e o futuro do trabalho critica tanto as soluções keynesianas quanto as propostas de renda básica e retoma uma tradição comunal, inspirada em autores como Karl Marx e Piotr Kropotkin, para esboçar um caminho rumo a um mundo pós-escassez. Esse horizonte não se ancora em compulsões tecnológicas nem no crescimento econômico desenfreado, mas na democratização substantiva de nossas capacidades, necessidades e liberdades.
Trechos
'O frenesi atual em torno da inteligência artificial não durará para sempre. À medida que as limitações da IA generativa se tornarem mais nítidas e os retornos econômicos dos grandes investimentos corporativos não se concretizarem na escala esperada, a bolha especulativa inevitavelmente estourará. Quando esse momento chegar - como aconteceu após o crash das empresas pontocom e novamente após o entusiasmo com os robôs na década de 2010 - enfrentaremos uma escolha crítica: ou nos resignar a outro ciclo de desilusão tecnológica ou fazer perguntas mais profundas sobre como a tecnologia pode realmente atender às necessidades humanas.