Em 1612, o jovem pintor Nicolas Poussin caminha pelas ruas de Paris decidido a conhecer o ateliê de Porbus, um de seus ídolos como artista.
Na ocasião, encontra Frenhofer, um mestre da pintura obstinado pela criação de sua obra-prima que, em busca da perfeição, trabalha por dez anos de modo solitário e incansável. Enquanto Poussin procura um modo de convencer Frenhofer a lhe revelar a sua obra-prima, o mestre Frenhofer se depara com o impasse de lançar sua criação, até então secreta, aos olhos do público.
A obra-prima ignorada é uma narrativa que, tal qual a pintura, vai revelando camadas e nuances de sentido a cada olhar. Escrita em 1831 e ambientada na Paris do século XVII, esta novela que faz parte d'A comédia humana de Balzac pincela diversas referências da história da arte, antecipa debates que marcariam a arte moderna e conduz o leitor a perguntas sobre o processo criativo, a tensão entre a visão do artista e a recepção de sua obra, o lugar das mulheres na arte e o que é, enfim, uma obra-prima.
A edição da Antofágica traz artes inéditas de Nina Horikawa e tradução de Leda Cartum, ambas produzidas exclusivamente para o livro. A apresentação é assinada por Tatiane de Assis, repórter e crítica de arte da revista piauí. Nos posfácios, Leda Cartum conta um pouco sobre o intenso processo de criação literária de Balzac e a influência desta novela na pintura de Pablo Picasso.
A escritora Julia Barandier faz uma análise das mulheres que dão nome às duas partes da novela - Gillette e Catherine Lescault - a partir do mito de Pigmalião. E Nina Horikawa compartilha com o leitor um ensaio em forma de diário com as ideias e os movimentos que guiaram a produção das artes para este clássico que trata do fazer artístico.