PREVISÃO DE LANÇAMENTO: 24/10/2025. A Democracia contra a Fome no Brasil, segundo o professor João Maia, do Centro de Pesquisa e Documentação da História Contemporânea do Brasil -CPDOC da Fundação Getúlio Vargas - FGV, é a história coletiva da luta pelo direito à segurança alimentar, promovida por movimentos sociais, lideranças políticas e religiosas, partidos e intelectuais. Por meio de uma prosa objetiva, mas ao mesmo tempo comprometida com seu tema, a historiadora e gestora pública Iraneth Rodrigues Monteiro nos mostra os avanços e os recuos dessa história, bem como os conflitos e as controvérsias que são comuns às democracias de massa. O panorama histórico descortinado pela autora permite ao leitor situar políticas recentes e bem-sucedidas, como o Bolsa-Família, na longa duração de iniciativas que vinham sendo gestadas desde a Constituição de 1988 e que ganharam uma formalização inicial ao longo dos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. Iraneth Monteiro também oferece um olhar atento a episódios que hoje são menos lembrados, como a criação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar no governo Itamar Franco, em uma concertação que reuniu atores da sociedade civil, como o inesquecível Betinho, religiosos e políticos de esquerda.Esta obra também revela informações pouco conhecidas sobre o complexo processo decisório que levou a primeira administração de Lula a integrar diferentes políticas sociais sob o manto do Programa Bolsa-Família, opção que selou o destino do Programa Fome Zero, seu concorrente, e marcou decisivamente a etapa final da história contada por Iraneth.A Democracia contra a Fome no Brasil surge num momento delicado da conjuntura brasileira, em que o processo democrático impulsionado pela Constituição parece estar bloqueado. A ascensão global da extrema-direita e as ameaças autoritárias que ainda pairam sobre a República nos fazem olhar para a nossa história recente com incredulidade, como se a ambição daqueles tempos parecesse inverossímil. Mas, é justamente por estarmos em hora tão crítica que o livro de Iraneth Monteiro se faz relevante. Afinal, ele é o espelho no qual podemos rever a ousadia de nossos sonhos para reavivar a energia da democracia brasileira.