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Um Menino Toca Flauta No Metro - Aut Paranaense

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CARACTERÍSTICAS

FormatoBROCHURA
Número de Páginas208
SubtítuloUM MENINO TOCA FLAUTA NO METRO - AUT PARANAENSE
EditoraAUTORES PARANAENSES
AutorMIGUEL SANCHES NETO
Ano da Edição2016
EAN139788568411049
Edição1
IdiomaPORTUGUES
FabricanteAUTORES PARANAENSES
ISBN8568411045
Páginas208

Saiba mais

Em uma das crônicas de "Um Menino Toca Flauta no Metrô", Miguel Sanches Neto recorda o que dizia Nietzsche sobre o valor confessional na literatura: "Falar muito de si é também uma maneira de se esconder". No terreno da crônica, onde o emotivo se funde com as arbitrariedades do olhar - o escritor como testemunha -, as raias da realidade ficam ainda mais turvas. E é nesse campo, do falar de si sob o inconclusivo prisma literário, que Miguel Sanches Neto monta seu acampamento. A obra, lançada pela Container Edições, é o compilado de 38 textos escritos entre 2003 e 2011 e promove uma descida ao epicentro do processo criativo, onde a única certeza é de que não refletir sobre a própria produção é meio caminho em direção ao precipício. O escritor ingênuo mora longe. "Um Menino..." é um estudo intenso sobre o que é ser escritor em uma época de tantos usuários públicos da língua, o inerente excesso de ruídos e ferramentas. Para Sanches Neto, a crônica é um arcabouço de peculiaridades, rituais e impressões sobre a escrita, uma plataforma para o relato das idiossincrasias do fazer literário. "Como escrever é carência, estratégia para preencher vazios, o autor sempre quer a aprovação amorosa de seu trabalho". A prosa do livro é fluente, preocupada em fazer do leitor um cúmplice, sem maiores forças de convencimento. Em certos momentos, a condução oscila entre a ausência de piedade e um chamado ao prazer da leitura, com a leveza de quem quer contar com simplicidade. Se fosse um quadro, a prosa de Sanches Neto certamente não seria uma natureza-morta. Seu texto alimenta-se das cores de seu lado memorialista, dos tons de crítica literária, do lado professor, do romancista que ainda não escreveu seu grande livro. Por isso, fantasmas atravessam suas linhas e luzes brotam de onde não se espera nada. Um e outro excesso também se faz presente: "Sonho com uma escola em que os alunos possam fazer soar a flauta da linguagem". Miguel Sanches Neto é dotado de uma literatura velocista, de fluxo, como se estivéssemos andando num calçadão de metrópole, tentando apreender o mundo. O uso literário da língua terá sempre uma tendência para a deformação. Aprender a usar a linguagem corrente garante uma comunicação sem maiores turbulências, mas a sua versão literária introduz elementos que não estão a serviço de uma expressão racional, e sim passional. "Um Menino Toca Flauta no Metrô" entrega um apanhado de (in)conclusões sobre a vida, com a cobiça de quem quer empurrar a linguagem para melhor contar. E se, para isso, for necessário abrir a intimidade e, de lá, produzir sentido, tanto melhor. Preservação da intimidade, em matéria de literatura, é ato falho. Até porque, como diz Sanches neto, não há verdade, apenas versões. DANIEL ZANELA, GAZETA DO POVO