Cavalos Do Amanhecer E A Cidade Silenciosa
De: R$ 46,90Por: R$ 35,60ou X de
Preço a vista: R$ 35,60
Economia de R$ 11,30Formas de pagamento:
Detalhes
CARACTERÍSTICAS
Formato | BROCHURA |
---|---|
Número de Páginas | 184 |
Subtítulo | CAVALOS DO AMANHECER E A CIDADE SILENCIOSA |
Editora | LPM |
Autor | MARIO ARREGUI |
Ano da Edição | 2022 |
EAN13 | 9786556662893 |
Edição | 1 |
Idioma | PORTUGUES |
Fabricante | LPM |
ISBN | 6556662895 |
Páginas | 184 |
Saiba mais
Me pega desarmado - repetia Alonso, fixado na frase. Rosto tenso, trêmulo, punhal imóvel rebrilhando à luz do lampião, o barbeiro dominava o salão.
Agora vou te mostrar - insistiu, com um furor já repleto de cálculo e crueldade. Alonso, encurralado, olhava para o punhal. A mão que o esgrimia era grande, morena, de pele esticada, articulações nodosas, sem veias no dorso. Gelada, mas viva, inexorável, a curta folha de aço se aproximou pausadamente, com a ponta para baixo. Logo girou e ergueu-se, rapidíssima, relampejando em direção de seu peito. Alonso tornou a saltar, esquivando-se outra vez por muito pouco. Trecho do conto "Diego Alonso".
Em cerca de meia centena de contos, o uruguaio Mario Arregui (1917-1985) construiu um mundo narrativo no qual soube explorar a fundo e mostrar à flor da pele alguns conflitos e inquietudes tão enraizados quanto encobertos que, desde obscuras origens, moldam a natureza humana. Compelido a ter como subsistência terras rurais que herdou, tornou-se estancieiro, mas sobretudo um versado conhecedor da criação de gado num país que chegou a ter mais vacuns e ovinos do que homens e mulheres.
Essa exigente ocupação, que contribuiu decisivamente na formação de sua personalidade, não o impediu de frequentar a vida social no departamento em que nasceu, Flores, tampouco de compartilhar de vez em quando, com suas amizades na capital, tanto a boemia intelectual como a rebeldia da luta política em Montevidéu, assumidas ambas com igual fervor.
Com o perfil crítico da geração a que pertenceu, consequente leitor e viajante eventual além-fronteiras, apaixonado homem de esquerda que, durante a ditadura, pagou o preço de sua militância, foi mormente um escritor obstinado e rigoroso, articulador de uma linguagem austera, persuasivo e sedutor, adestrado na implacável e tensa estrutura do conto, na qual concebeu e produziu, desde a campanha uruguaia, algumas peças magistrais e antológicas.